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DESCRIÇÃO
Voltando sua atenção para escritores como Mario Bellatin, Roberto Bolãno e Carlito Azevedo, e para artistas como Paulo Nazareth, Liliana Porter, Fabiana Ex-Souza e Nuno Ramos, entre outros nomes, este curso pretende, a partir da América Latina, lançar um olhar anacrônico em direção ao futuro. A ideia é se aproximar de experimentos que invistam contra uma percepção historicista do tempo e apostem, como afirma a crítica argentina Graciela Speranza, num tempo topológico, espacializado – tempo que se expande, se contrai, se dobra, se acelera, se detém, enlaçando assim outros tempos e espaços. Nossa hipótese central é a de que, desde os anos 2000, parte da produção literária e artística latino-americana vem complexificando percepções histórico-temporais experimentadas na atualidade, perguntando-se, de maneira mais ou menos direta, sobre um tempo que lhe havia sido mais exigido do que prometido: o futuro. Afinal, sempre atrasada de um ponto de vista desenvolvimentista, a América Latina teria sido e ainda seria controlada, como afirma outra argentina, Josefina Ludmer, por uma administração biopolítica do tempo a serviço do capital. Não se trata, porém, de entender intervenções pontuais – certas escritas, instalações e performances – como poéticas coesas de uma região com fronteiras bem delimitadas e cujo horizonte simbólico seja homogêneo. Antes, esses trabalhos são índices que, a partir de um olhar anacrônico, ou mesmo policrônico, discutem de maneiras mais ou menos diretas uma das questões seguintes: 1) aquilo que se costuma chamar de “fim das utopias” e o luto experimentado com o fracasso dos projetos modernos; 2) o fenômeno que o historiador François Hartog define como presentismo, um regime de historicidade em que as sociedades regidas pelo capitalismo global experimentam um presente indefinidamente alongado, impedindo a percepção coletiva de um porvir que não seja distópico.
PROGRAMA
aula 1
Paralisias | presentismo, tempo zero e imobilidade
aula 2
Ruínas | ativar policronias, escovar a história a contrapelo
aula 3
Arquivos | entre resíduos, virtualidade e proliferação
aula 4
Cartografias | performances para um território inacabado
aula 5
Lutos | dizer depois do fim
BIBLIOGRAFIA PRINCIPAL
AZEVEDO, Carlito. O livro das postagens. Rio de Janeiro: 7Letras, 2016.
BELLATIN, Mario. Cães heróis. Trad. Joca Wolff. São Paulo: CosacNaify, 2011.
BENJAMIN, Walter. Teses sobre o conceito de história. In: Magia e técnica, arte e política. Obras escolhidas I. Trad. Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 2010 (1ª edição 1994).
BERARDI, Franco. Depois do futuro. Trad. Regina Silva. São Paulo: Ubu, 2019.
BOLAÑO, Roberto. 2666. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Cia das Letras, 2010.
___________. A literatura nazista na América. Roberto Bolaño. Trad. Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Cia das Letras, 2019.
CÂMARA, Mario; KLINGER, Diana et. al. (Orgs.). Indicionário do contemporâneo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2018.
DIDI-HUBERMAN, Georges. Diante do tempo. Trad. Vera Casa Nova e Márcia Arbex. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2015.
FLORES, Guilherme Gontijo. “A revolta do poema”, Caderno de Leituras, n.90, Edições Chão da Feira, jul. 2019.
HARTOG, François. Regimes de historicidade: presentismo e experiências do tempo. São Paulo, Autêntica, 2013.
LUDMER, Josefina. Aqui América Latina – Uma especulação. Trad. Rômulo Monte Alto. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013.
MELENDI, María Angelica. Estratégias da arte em uma era de catástrofes. Rio de Janeiro: Cobogó, 2018.
NAZARETH, Paulo. Arte contemporânea/Ltda. Rio de Janeiro: Cobogó, 2012.
RAMOS, Nuno. Entrevista ao programa televisivo Agenda, 2016. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=wOZU4mlOsrE>
. Acessado em 20 fev 2019.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
ANJOS, Moacir dos. Contraditório. Arte, globalização e pertencimento. Rio de Janeiro: Cobogó, 2017.
ANTELO, Raul. “O arquivo e o presente”. Revista Gragoatá, Niterói, v. 12, n.22, 2007, p.43-61.
BENJAMIN, Walter. Passagens. Org. Willi Bolle. Trad. Irene Aron, Cleonice Paes Barreto Mourão. Belo Horizonte/São Paulo: Editora UFMG/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2007.
BOLAÑO, Roberto. Amuleto. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Cia das Letras, 2008.
BURGER, Peter. Teoria da vanguarda. Trad. Ernesto Sampaio. Lisboa: Vega, 1993.
DERRIDA, Jacques. Mal de Arquivo: uma impressão freudiana. Trad. Cláudia de Moraes Rego. Rio de janeiro: Relume Dumará, 2001.
DIDI-HUBERMAN, Georges. A imagem sobrevivente. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Mar/Contraponto, 2013.
___________. Sobrevivência dos vagalumes. Trad. Vera casa Nova e Márcia Arbex. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
FISHER, Mark. Realismo capitalista. É mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo. São Paulo: Autonomia Literária, 2021.
PAZ, Octavio. Os filhos do barro. Trad. Ari Roitman e Paulina Watch. São Paulo: Cosac Naify, 2013.
RUFFEL, Lionel. Brouhaha, Les mondes du contemporain. Paris: Verdier, 2016.
SISCAR, Marcos. De volta ao fim – O “fim das vanguardas” como questão da poesia contemporânea. Rio de Janeiro: 7Letras, 2016.
SPERANZA, Graciela. Atlas portátil de América Latina. Barcelona: Editorial Anagrama, 2012 (edição em formato digital).
___________. Cronografias – Arte y ficciones de un tempo sin tempo. Barcelona: Editorial Anagrama, 2017 (edição em formato digital).
TAYLOR, Diana. O arquivo e o repertório: performance e memória cultural nas Américas. Trad. Eliana Lourenço de Lima Reis. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013.
WARBURG, Aby. Histórias de fantasma para gente grande. (Org. WAIZBORT, Leopoldo). Trad. Lenin Bicudo Bárbara. São Paulo: Cia. das Letras, 2010.
___________. Atlas Mnemosyne. Trad. Joaquín Chamorro Mielke. Madrid: Impresos Cofás S.A. 2010.
Área de anexos
Visualizar o vídeo Nuno Ramos – Direito à Preguiça [AGENDA] do YouTube
Nuno Ramos – Direito à Preguiça [AGENDA]